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VIAGENS MARAVILHOSA

meio d'aquellas regiões immensas os cafres não podem deixar de estar disseminados. É o deserto ou pouco menos.

Cypriano, satisfeito nos seus instinctos de sabio e de artista julgar-se-hia de bom grado transportado aos tempos prehistoricos do megatherium e dos outros animaes antediluvianos.

— Só faltam elephantes para a festa ser completa! exclamou elle.

Mas immediatamente Li, estendendo o braço, mostrou-lhe varias massas pardacentas no meio de uma vasta clareira. Vistas de longe pareciam outros tantos rochedos não só pela immobilidade como pela côr. Na realidade era um rebanho de elephantes. A planicie parecia mosqueada por elles na extensão de algumas milhas.

— Então tu entendes de elephantes? perguntou Cypriano ao china emquanto se preparava o acampamento para aquella noite.

Li piscou os olhinhos obliquos.

— Vivi dois annos na ilha de Ceylão, servindo como ajudante das caçadas, respondeu elle apenas, com a aquella notavel circumspecção que empregava sempre em tudo quanto dizia respeito á sua biographia.

— Ah! se nós podessemos atirar a um dos dois! exclamou James Hilton. É uma caça muito divertida...

— É verdade, e em que o animal vale bem a polvora que se gasta! acrescentou Annibal Pantalacci. Dois dentes de elephante já é uma presa bem bonita, e nós podiamos facilmente accommodar tres ou quatro duzias d'elles na trazeira do carrão!... Sabem os camaradas que não seria preciso mais para poder pagar todas as despezas da nossa viagem!?...

— Mas isso é uma excellente idéa! exclamou James Hilton. Porque não havemos de experimentar ámanhã antes de nos pormos a caminho?