A Guerra de Canudos
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os raios solares n'um terreno calcinado e pedregozo e o zumbido incommodo das varejeiras, se refestellando esfaimadas nas feridas gotejantes. Os muares da artilharia e os cavallos da ala de cavallaria, bem como os das montadas dos officiaes, agglomerados n'uma área estreita, loucos de fome e de sêde, lambendo a terra e possuidos de terror, tentando disparar pelo acampamento. Mais d'um baleado foi pisado sob as ferraduras d'aquelles quadrupedes e n'esse caso, gritos estridulos, maldições odientas iam ajuntar maior horror áquella situação. Os médicos e pharmaceuticos não descançavam na sua faina, sem terem tempo de attender á todos os feridos; d'estes, muitos só no dia seguinte foram soccorridos; outros, succumbiram a mingua durante a noite, varados de sêde nos paroxismos da febre que os fazia delirar, soltando pungentes imprecações.

Estávamos n'um circulo de fogo: nas quatro faces das pozições occupadas, nas linhas de fogo os atiradores deitados, observavam o inimigo. Em direcção ao comboio, ouviase ainda o tiroteio. Os fanaticos nos tiroteiavam tambem, com inflexivel tenacidade.

Os generaes Arthur e Barbosa, os coronéis Telles e S. Martins e os commandantes Tupy Caldas e Dantas Barreto, n'uma constante actividade, providenciavam sobre tudo e orde-