das plantas daninhas do morro», e as foi arrancando, sempre «com terra», até que um dia…
— Que é do morro?
Já não havia morro nenhum no reino. Desaparecera o Morro da Democracia, e o rei pôde, afinal, extender o seu olho vesgo por todo o país e governá-lo despoticamente — não pelo breve espaço de apenas quinze anos, mas pelo de trinta e tantos, segundo rezam as crônicas históricas.
Isso foi no Oriente. Mas nada impede que aquí aconteça o mesmo, porque também temos o nosso morrinho da Democracia, cheio dessas plantas más que costumam nascer em tais morros. E’ preciso, pois, que o povo se mantenha sempre vigilante, para que os nossos reis vesgos não as arranquem «com terra». Do contrário o morro se acaba — é… como é? Ditadura outra vez? Tribunalzinho de Segurança outra vez? Paisinho dos pobres outra vez?
Êste comício tem essa significação. E’ um protesto do povo contra as primeiras carroçadas de terra que o nosso rei, sob o pretexto de arrancar o cragoatá espinhento do comunismo, tirou do nosso Morro da Democracia. Cesteiro que faz um cesto faz cem. Quem tira uma carroçada de terra tira mil. Se não reagirmos energicamente, um dia estaremos privados do nosso morro e com um terrivel sóba dominando toda a planicie.
E se tal acontecer e êsse sóba instituir o Relho como instrumento de convicção, será muitíssimo bem feito, porque outra coisa não merece um povo que deixa seus governantes despojarem-no pouco a pouco das suas mais belas conquistas liberais.
O preço da liberdade é uma vigilancia barulhenta como a dos gansos do Capitólio.