me roubem os haveres ou que eu esbanje a minha fortuna; que eu tenha ou não tenha amigos, que eu trabalhe ou que descanse, que eu sofra ou me divirta; o que ela não quer, absolutamente, é que eu ame! Maria há de viver eternamente diante dos meus olhos, como vive diante dos seus, e hei de manter até o meu último alento a promessa que lhe fiz de não tornar a casar-me...
– Tolice...
– Que queres!
– Maria era um anjo... mas hoje é um fantasma; e um homem não pode viver abraçado a uma sombra...
– Dize-lhe isso...
– Na primeira ocasião.
– Não a mortifiques. Eu, bem o sabes, estou perfeitamente de acordo com ela.
– É o que te parece. Em todo o caso, dou-te um conselho: despede a tua governanta, ou dá um piparote nestas convenções românticas em que te embaraças e trata-a como toda a gente trata as governantas... Parece-me que nos temos ocupado demais com uma criatura que talvez não mereça tanto...
– Ou talvez mais...
– É o que eu digo!
– Não te entendo.
– Não admira, visto que nem te entendes a ti! Só te direi outra coisa, para concluir: a imaginação