os seus hábitos de asseio e de ordem não lhe tinham dado ensejo para a intriguinha fácil e perturbadora. Chegara o dia de castigar a afronta daquela branca intrometida, que ele odiava, e ardia por esmagar com a divulgação de algum segredo que a comprometesse. Desprezava o ardil pela verdade; mas, se esta lhe escapasse, então recorria a tudo, até ao feitiço de algum velho parceiro africano.

Mas desse recurso extremo só lançaria mão quando não pudesse contar com os da sua inteligência e malignidade.

Tinha ainda na memória uma sentença materna: “quem faz feitiço morre de feitiço”, e essa idéia afligia-o. A mãe era filha de mina. Devia saber... aquela branca pobre e presunçosa, que era mais do que ele na ordem das coisas, para o tratar assim por cima do ombro, com um arzinho superior de patroa fidalga?

– Ela há de me pagar!

O que ele queria agora era saber bem da sua vida, penetrar no mistério daquela existência flutuante, sem raízes conhecidas; assenhorear-se de um segredo que a tornasse escrava da sua vontade poderosa.

Como aos de Adolfo Caldas, ela também representava aos seus olhos o encardido papel de especuladora.

Não era outra coisa; mas a intrusa teria o