– Mas vive como tal...

– Sabes que mais?! Deixa-me trabalhar... lamento-te muito, mas não posso argumentar contigo. 325... parece-me que era este o número...

– Como és frio...

– Sou velho; e tenho juízo.

– Também eu sou velha...

– Mas és mulher, e vives mais do sentimento que da razão... Alimentas a idéia de que tua filha sente, sofre, existe, e exiges que ela ocupe um lugar que infelizmente está bem vazio... Deleitas-te em revolver saudades; fixas-te em pensamentos de que deverias fugir; a morte assusta-te; a idéia do nada apavora-te e crias então um mundo à parte para tua filha, que, se continua a viver, é só no teu cérebro, mais ainda do que no teu coração! Reage contra essa tortura...

– É a minha consolação...

– É o teu desespero!

– Não é... talvez deva ser como dizes... mas eu agarro-me a esta ilusão, para poder suportar a saudade...

– Não chores...

– Sinto-me tão sozinha!

– E eu?

– Fugiste-me...

– Não, minha velha, estou e estarei contigo até a morte. O que te fiz sofrer na mocidade,