A cerimônia foi simples e sem lágrimas. A baronesa conteve-se. Muito pálida, dentre as sedas negras do vestido, ela adquirira pelo esforço enérgico da vontade uma rigidez de estátua. Nem um músculo das faces lhe tremia. Com as mãos pousadas nos ombros da neta, ela parecia olhar para tudo como do alto de uma torre, imperturbavelmente.

À tarde Assunção foi visitá-la. Tinham voltado à chácara do subúrbio. Glória correu a recebê-lo no portão. Estava decidido que ela viveria ali uns meses, para consolar a avó. Achava agora tudo tão bonito! O avô lá andava no horto, verificando o estado das suas plantas, alegre como um patinho na água! Ela estava por ali à cata de mangas maduras...

Assunção acariciou-lhe a cabeça e entrou sozinho na saleta da baronesa. Ela ali estava no seu cantinho costumado, febril, com o corpo alquebrado, descaído, os olhos avermelhados entre as pálpebras empapuçadas. Vendo-o, chamou-o a si; e segurando-lhe as mãos, numa queixa soluçada:

– Minha filha tornou a morrer hoje, Assunção; agora está só comigo e eu vou perdendo as forças para chorar...

– Não a chorará sozinha... – murmurou ele quase em segredo, corando.

Ela voltou-se, e contemplou-o num misto de esperança e de assombro.