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NARIZINHO ARREBITADO
 
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De volta desse lindo passeio o principe convidou-a para voar.

— Até aeroplanos ha por aqui? perguntou a menina, espantada.

— E mais seguros que os aeroplanos dos homens, vaes ver, respondeu o principe.

Apesar do medinho a menina encheu-se de coragem e acceitou o convite.

Veiu logo um aerogrillo. Era um grillão verde, que trazia nas costas a barquinha de vime na cabeça de dois insectos, um besouro e um vagalume. Este vagalume, com os seus grandes olhos phosphorescentes, servia de pharol ao aeroplano e o besouro estava alli para zumbir, fingindo o barulho da helice. Narizinho achou muita graça na engenhosa invenção e trepou á barquinha sem medo. O besouro zumbiu e o aerogrillo disparou como um raio pelos ares afóra. Subiram, subiram, subiram tão alto que a terra de lá parecia uma laranja. Atravessaram nuvens, chegaram muito pertinho da lua, que a menina teve o gosto de tocar com a pontinha do dedo. E só desceram quando o sol vinha raiando.


A TRAMA


NA noite desse dia estava Narizinho no melhor do somno quando acordou com uma batida na janella.

— Toc!... toc!...