Promissão, resplandecente e amavel. Por entre as sebes de myrtos perdia-se o fugidio cantar das aguas. O ar todo, d’uma doçura ineffavel, como para n’elle respirar melhor o povo eleito de Deus, era um derramado perfume de jasmins e limoeiros. O grave e pacifico chiar das noras ia adormecendo, ao fim do dia de rega, entre as romanzeiras em flôr. Alta e serena no azul, voava uma grande aguia.

Consolados, parámos n’uma fonte de marmore vermelho e negro, abrigada á sombra de sycomoros onde arrulhavam rôlas: ao lado erguia-se uma tenda, com um tapete na relva coberto d’uvas e de malgas de leite; e o velho de barbas brancas que a occupava saudou-nos em nome de Allah, com a nobreza de um patriarcha. A cerveja tinha-me feito sêde: foi uma rapariga bella como a antiga Rachel, que me deu a beber do seu cantaro de fórma biblica, sorrindo, com o seio descoberto, duas longas argolas d’ouro batendo-lhe a face morena — e um cordeirinho branco e familiar preso da ponta da tunica.

A tarde descia, muda e dourada, quando penetrámos na planicie de Saron, que a Biblia outr’ora encheu de rosas. No silencio tilintavam os chocalhos d’um rebanho de cabras