cheirava mal. E ahi bruscamente foi entre Potte e a nedia matrona uma bulha ferina sobre a paga d’aquella radiante festa do Oriente: ella reclamava mais sete piastras d’ouro: Potte, de bigode erriçado, cuspia-lhe injurias em arabe, rudes e chocando-se como calhaus que se despenham n’um valle. E sahimos d’aquelle lugar de deleite perseguidos pelos gritos de Fatmé, que se babava de furor, agitava os braços marcados da peste e nos amaldiçoava, e a nossos paes, e aos ossos de nossos avós, e a terra que nos gerára, e o pão que comiamos, e as sombras que nos cobrissem! Depois na rua negra dois cães seguiram-nos muito tempo, ladrando lugubremente.

Entrei no Hotel do Mediterraneo, afogado em saudades da minha terra risonha: os gozos de que me via privado n’esta lobrega, inimiga Sião, faziam-me anciar mais inflammadamente pelos que me daria a facil, amoravel Lisboa, quando, morta a titi, eu herdasse a bolsa sonora de sêda verde!... Lá não encontraria, nos corredores adormecidos, uma bota severa e bestial! Lá nenhum corpo barbaro fugiria, com lagrimas, á caricia dos meus dedos. Dourado pelo ouro da titi, o meu amor não seria jámais ultrajado, nem a minha concupiscencia jámais repellida. Ah!