de caixões impurissimos... Os mais reverentes irmãos do Senhor dos Passos empregam a Cana para pescar; ella entra na folgante composição do foguete; e o Estado mesmo (tão escrupuloso em materia religiosa) assim a usa em noites alegres de nova Constituição ou em festivos delirios pelas bodas de Principes... A Esponja, outr’ora embebida no vinagre de sarcasmo e offerecida n’uma lança, é hoje aproveitada n’esses irreligiosos ceremoniaes da limpeza — que a Igreja sempre reprovou com odio... Até a Cruz, a Fórma suprema, tem perdido entre os homens a sua divina significação. A christandade, depois de a ter usado como lábaro, usa-a como enfeite. A cruz é broche, a cruz é breloque; pende nos collares, tilinta nas pulseiras; é gravada em sinetes de lacre, é incrustada em botões de punho; — e a Cruz realmente n’este soberbo seculo pertence mais á Ourivesaria do que pertence á Religião...

— Mas a Corôa d’Espinhos, D. Raposo, essa não tornou a servir para mais nada!

Sim, para mais nada! A Igreja recebeu-a das mãos de um proconsul romano — e ella ficou isoladamente e para toda a eternidade na Igreja, commemorando o Grande Ultraje. Em todo este vario Universo ella só encontra um lugar congenere na penumbra