d’uma fé já madura... Elle fallava: e como pombas que desdobram as azas e vôam da porta d’um santuario, nós viamos desprender-se dos seus labios, irem voar por sobre as nações do mundo toda a sorte de cousas nobres e santas, a Caridade, a Fraternidade, a Justiça, a Misericordia, e as fórmas novas, bellas, divinamente bellas, do Amor!

A sua face resplandecia, enlevada para os céos, como seguindo o vôo d’essas novas divinas. Mas já do lado, Gamaliel, Doutor da Lei, o rebatia com uma dura auctoridade:

— Que ha d’original e d’individual em todas essas idéas, homem? Pensas que o Rabbi as tirou da abundancia do seu coração? Está cheia d’ellas a nossa doutrina!... Queres ouvir fallar de Amor, de Caridade, de Igualdade? Lê o livro de Jesus, filho de Sidrah... Tudo isso o prégou Hillel, tudo isso o disse Schemaia! Cousas tão justas se encontram nos livros pagãos, que são, ao pé dos nossos, como o lôdo ao pé da agua pura de Siloeh!... Vós mesmos os Essenios tendes preceitos melhores!... Os Rabbis de Babylonia, d’Alexandria, ensinaram sempre leis puras de Justiça e de Igualdade! E ensinou-as o teu amigo Iokanan, a quem chamaes o Baptista, que lá acabou tão miseravelmente n’um ergastulo de Makeros...