— Bar-Abbás! Ouve bem! Bar-Abbás! O povo só quer Bar-Abbás!

A haste d’um legionario fel-o rolar nas lages. Mas já toda a multidão, mais leve e facil d’inflammar do que a palha na meda, clamava por Bar-Abbás: uns com furor, batendo as sandalias e os cajados ferrados como para aluir o Pretorio; outros de longe, encruzados ao sol, indolentes e erguendo um dedo. Os vendilhões do Templo, rancorosos, sacudindo as balanças de ferro e repicando sinetas, berravam, por entre maldições ao Rabbi: «Bar-Abbás é o melhor!» E até as prostitutas de Tiberiade, pintadas de vermelhão como idolos, feriam o ar de gritos silvantes:

— Bar-Abbás! Bar-Abbás!

Raros alli conheciam Bar-Abbás; muitos, de certo, não odiavam o Rabbi — mas todos engrossavam o tumulto promptamente, sentindo, n’essa reclamação do preso que atacára Legionarios, um ultraje ao Pretor romano, togado e augusto no seu tribunal. Poncius no entanto, indifferente, traçava letras n’uma vasta lauda de pergaminho pousada sobre os joelhos. E em torno os clamores disciplinados retumbavam em cadencia, como malhos n’uma eira:

— Bar-Abbás! Bar-Abbás! Bar-Abbás!