de lirios; d’outros fios de coraes; o outro pingava sangue. Da immensa grelha do altar subia uma fumaça avermelhada e lenta: e em redor apinhavam-se os Sacrificadores, descalços, todos de branco — com forquilhas de bronze nas mãos pallidas, espetos de prata, facas passadas nos cintos côr de céo... No afanoso, severo rumôr do ceremonial sacrosanto confundia-se o balar de cordeiros, o som argentino de pratos, o crepitar das lenhas, as pancadas surdas de malho, o cantar lento da agua em bacias de marmore, e o estridor das bozinas. Apesar dos aromaticos que ardiam em caçoulas, das longas ventarolas de folhas de palmeira com que os serventes agitavam o ar, eu puz o lenço na face, enjoado com esse cheiro molle de carne crua, de sangue, de gordura frita e de açafrão, que o Senhor reclamou a Moysés como o dom melhor a receber da Terra...

Ao fundo, bois enfeitados de flôres, vitellas brancas com os cornos dourados, sacudiam, mugindo e marrando, as cordas que os prendiam a fortes argolas de bronze: mais longe, sobre mesas de marmore, entre pedaços de gêlo, pousavam, vermelhas e sangrentas, grossas peças de carne, sobre que os levitas balançavam leques de pennas para afugentar os moscardos. De columnas