gravemente junto á cruz do Rabbi, cravando por vezes os olhos duros na gente do Templo, cheia de rumores e de risos. E Topsius mostrou-me defronte, rente á corda, um homem cuja face amarella e triste quasi desapparecia entre as duas longas mechas negras de cabello que lhe desciam sobre o peito — e que abria e enrolava com impaciencia um pergaminho, ora espiando a marcha lenta do sol, ora fallando baixo a um escravo ao seu lado.

— É Joseph de Ramatha, segredou-me o douto Historiador. Vamos ter com elle, ouvir as coisas que convém saber...

Mas n’esse instante, d’entre o bando sordido dos servos do Templo e dos sacerdotes miseraveis que são nutridos pelos sobejos dos holocaustos, rompeu um ruido mais forte como o grasnar de corvos n’um alto. E um d’elles, colossal, esqualido, com costuras de facadas através da barba rala, atirou os braços para a cruz do Rabbi, e gritou n’uma baforada de vinho:

— Tu que és forte, e querias destruir o Templo e as suas muralhas, porque não quebras ao menos o pau d’essa cruz?

Em torno estalaram risadas alvares. E outro, espalmando as mãos sobre o peito,