suas vaccas para o lado da porta de Genath: mulheres, cantando, carregavam lenha: um cavalleiro trotava, embrulhado n’um manto branco. Ás vezes os que atravessavam o caminho ou voltavam dos pomares de Gareb avistavam as tres cruzes erguidas: arregaçavam a tunica, subiam a collina devagar através das urzes. O rotulo da cruz do Rabbi, escripto em grego e em latim, causava logo assombro. «Rei dos Judeus»! Quem era esse? Dois moços, patricios e sadduceus, com brincos de perolas nas orelhas e bordaduras d’ouro nos borzeguins, interpellaram o Centurião, escandalisados. Porque escrevera o Pretor — «Rei dos Judeus»? Era aquelle, alli pregado na cruz, Caio Tiberio? Só Tiberio era rei da Judêa! O Pretor quizera offender Israel! Mas em verdade só ultrajava Cesar!...

Impassivel, o Centurião fallava a dois Legionarios que remexiam no chão em grossas barras de ferro. E a mulher que acompanhava os sadduceus, uma romana miudinha e morena, com fitas de purpura nos cabellos empoados d’azul, contemplava suavemente o Rabbi e aspirava o seu frasco de essencias — lamentando decerto aquelle moço, rei vencido, rei barbaro, que morria no poste dos escravos.