vinha a lua cheia sahindo por traz dos montes negros de Gilead... O festivo Potte mostrou-me logo o chão sagrado em que Jacob, pastor de Bersabé, tendo adormecido sobre uma rocha, vira uma escada que faiscava, fincada a seus pés e arrimada ás estrellas, por onde ascendiam e baixavam, entre terra e céo, anjos calados, com as azas fechadas... Eu bocejei formidavelmente e rosnei: — «Tem seu chic!...»

E assim rosnando e bocejando, atravessei a terra dos prodigios. A graça dos valles foi-me tão fastidiosa como a santidade das ruinas. No poço de Jacob, sentado nas mesmas pedras em que Jesus, cansado como eu da calma d’estas estradas e como eu bebendo do cantaro d’uma Samaritana, ensinára a nova e pura maneira de adorar; nas encostas do Carmello, n’uma cella de mosteiro, ouvindo de noite ramalhar os cedros que abrigaram Elias, e gemerem em baixo as ondas, vassallas de Hyram rei de Tyro; galopando com o albornoz ao vento pela planicie de Esdrelon; remando dôcemente no lago de Grenesareth, coberto de silencio e de luz — sempre o Tedio marchou a meu lado como companheiro fiel, que a cada passo me apertava ao seu peito molle, debaixo do seu manto pardo...