Depois uma manhã, cortando a vaga azul, avistaria a serra fresca de Cintra: as gaivotas da patria vinham dar-me o grito de boa acolhida, esvoaçando em torno aos mastros; Lisboa pouco a pouco surgia, com as suas brancas caliças, a herva nos seus telhados, indolente e dôce aos meus olhos... Berrando «oh titi, oh titi!», eu trepava as escadas de pedra da nossa casa em Sant’Anna: e a titi, com fios de baba no queixo, punha-se a tremer diante da Grande Reliquia que eu lhe offerecia, modesto. Então, na presença de testemunhas celestes, de S. Pedro, de Nossa Senhora do Patrocinio, de S. Casimiro e de S. José, ella chamava-me «seu filho, seu herdeiro!» E ao outro dia começava a amarellecer, a definhar, a gemer... Oh delicia!

De leve, sobre o muro, entre as madresilvas um passaro cantou: e mais alegre que elle cantou uma esperança no meu coração! Era a titi na cama, com o lenço negro amarrado na cabeça, apalpando angustiosamente as dobras do lençol suado, arquejando com terror do Diabo... Era a titi a espichar, retesando as canellas. N’um dia macio de Maio mettiam-n’a já fria e cheirando mal, dentro d’um caixão bem pregado e bem seguro. Com tipoias atraz, lá marchava D. Patrocinio para a sua cova, para os bichos.