— E dize lá, Alpedrinha, dize lá, tambem te deu uma camisa?

— A mim um chambresinho...

Tambem a elle — roupa branca! Ri, acerbamente, com as mãos nas ilhargas.

— E ouve lá... Tambem te chamava «seu portuguezinho valente?»

— Como eu servia com turcos, chamava-me seu «moirosinho catita».

Ia rebolar-me no divan, rasgal-o com as unhas, rir sempre, n’um desesperado desprezo de tudo... Mas Topsius e o risonho Potte appareceram alvoroçados.

— Então?...

Sim, chegára de Smyrna um paquete que levantava n’essa tarde ferro para o Egypto, e que era o nosso dilecto Caimão!

— Ainda bem! gritei, atirando patadas ao ladrilho. Ainda bem, que estava farto do Oriente!... Irra! que não apanhei aqui senão soalheiras, traições, sonhos medonhos e botas pelos quadris! Estava farto!

Assim eu bramava, sanhudo. Mas n’essa tarde, na praia, diante da barcaça negra que nos devia levar ao Caimão, entrou-me n’alma uma longa saudade da Palestina, e das nossas tendas erguidas sob o esplendor das estrellas, e da caravana marchando e cantando por entre as ruinas de nomes sonoros.