— Andrésinho, a pinguinha de Porto... Hoje é brodio!

Quando o gallego pousou a garrafa, com a sua data traçada á mão n’um velho rotulo de papel almasso — o snr. Lino offertou-me um calice cheio.

— Á sua!

— Com a ajuda do Senhor!... Á sua!

Por cortezia, rilhado o queijo, convidei aquelle homem que graças a Deus tinha religião, a entrar no meu quarto e admirar as photographias de Jerusalem. Elle aceitou, com alvoroço: mas, apenas transpôz a porta, correu sem etiqueta e gulosamente ao meu leito — onde jaziam espalhadas algumas das Reliquias que eu desencaixotára essa manhã.

— O cavalheiro aprecia? indaguei, desenrolando uma vista do monte Olivete, e pensando em lhe offertar um rosario.

Elle revirava em silencio, nas mãos gordas e de unhas roidas, um frasco d’agua do Jordão. Cheirou-o, pesou-o, chocalhou-o. Depois, muito sério, com as veias entumecidas na vastissima fronte:

— Tem attestado?

Estendi-lhe a certidão do frade Franciscano, garantindo como authentica e sem mistura a agua do rio baptismal. Elle saboreou o venerando papel. E enthusiasmado: