nem eu! Ninguém com mãos humanas, mãos mortaes, ousára mover os dois embrulhos. Quem os movera então? Só alguem, com mãos invisiveis!

Sim, havia alguem, incorporeo, todo poderoso — que por odio trocára miraculosamente os espinhos em rendas, para que a titi me desherdasse e eu fosse precipitado para sempre nas Profundas Sociaes!

E quando assim esbravejava, esguedelhado — encontrei frigidamente cravados em mim e mais abertos, como gozando a derrota da minha vida, os olhos claros do Christo crucificado, dentro do seu caixilho com borlas...

— Foste tu! gritei, de repente illuminado e comprehendendo o prodigio. Foste tu! Foste tu!

E, com os punhos fechados para elle, desafoguei fartamente os queixumes, os aggravos do meu coração:

— Sim, foste tu, que transformaste ante os olhos devotos da titi a corôa de dôr da tua Lenda — na camisa suja da Mary!... E porque? Que te fiz eu? Deus ingrato e variavel! Onde, quando, gozaste tu devoção mais perfeita? Não acudia eu todos os domingos, vestido de preto, a ouvir as missas melhores que te offerta Lisboa? Não me