o cheiro dos pós d’arroz excedia em doçura o olor dos junquilhos mysticos; eu estava no céo, eu era S. Theodorico; e sobre os hombros nús da minha amada desenrolavam-se as madeixas do seu cabello negro, forte e duro como a cauda d’um corcel de guerra.

N’uma d’essas noites, eu sahia d’uma confeitaria do Rocio, de comprar trouxas d’ovos para levar á minha Adelia — quando encontrei o dr. Margaride que me annunciou, depois do seu abraço paternal, que ia a S. Carlos vêr o Propheta.

— E você, vejo-o de casaca, naturalmente tambem vem...

Fiquei varado. Com effeito vestira a casaca, dissera á titi que ia gozar o Propheta, opera de tanta virtude como uma santa instrumental d’igreja... E agora tinha de soffrer o Propheta, deveras, entalado n’uma cadeira da Geral, roçando o joelho do douto magistrado — em vez de preguiçar n’um colchão amoroso, vendo a minha deusa, em camisa, comer o seu docinho d’ovos.

— Sim, com effeito, tambem eu ia d’aqui para o Propheta, murmurei aniquilado. Diz que é uma musicasinha de muita virtude... A titi gostou muito que eu viesse.

Com o meu inutil cartucho de trouxas d’ovos, lá fui subindo, melancolicamente, ao