Havia dias em que, sem repousar, correndo pelas ruas, esbaforido, eu ia á missa das sete a Sant’Anna, e á missa das nove da igreja de S. José, e á missa do meio dia na ermida da Oliveirinha. Descansava um instante a uma esquina, de ripanço debaixo do braço, chupando á pressa o cigarro: depois voava ao Santissirno exposto na parochial de Santa Engracia, á devoção do Terço no convento de Santa Joanna, á benção do Sacramento na capella de Nossa Senhora ás Picôas, á novena das Chagas de Christo, na sua igreja, com musica. Tomava então a tipoia do Pingalho, e ainda visitava, ao acaso, de fugida, os Martyres e S. Domingos, a igreja do convento do Desagravo e a igreja da Visitação das Selesias, a capella de Monserrate ás Amoreiras e a Gloria ao Cardal da Graça, as Flamengas e as Albertas, a Pena, o Rato, a Sé!

Á noite, em casa da Adelia, estava tão derreado, mono e molle ao canto do sofá, — que ella atirava-me murros pelos hombros, e gritava, furiosa:

— Esperta, morcão!

Ai de mim! Um dia veio, porém, em que a Adelia, em vez de me chamar morcão, quando, esfalfado no serviço do Senhor, eu mal podia ajudal-a a desatacar o collete —