dos seus ricos bichinhos de seda, gozo único dos seus dias insípidos.

Morava num casarão baixo, antigo, com janelas de peitoril para o largo e grande quintal plantado de amoreiras, de onde se via ao longe, a cascata do Neves, desenrolando no veludo verde da montanha o seu lençol d'água cristalina...

A primavera desabotoava-se magnífica, numa exuberância de tons deliciosa; mas as meninas, afeitas ao clima do Rio, andavam tiritantes, envolvidas em lãs.

Nos primeiros dias a tia Mariana reclamava detalhes da revolução, maldizendo a república e chorando pelo imperador, o bom velho das barbas de neve, que lhe tinha apertado casualmente a mão uma vez, havia muitos anos, numa festa de caridade...

Ernestina fazia coro nas lamentações, mas não sabia explicar nada, o que desesperava a outra; então Sara, mais indiferente, inventava detalhes que a velha ouvia, limpando os óculos.

Um dia, a viúva Simões decidiu-se a deixar as meninas com a tia, e descer para o Rio sozinha, conquanto um pouco assustada por aquela ousadia.

Ela afirmava à filha que voltaria depressa, explicando alto, repetidamente, que não podia deixar a casa entregue aos criados...

A Ana era cada vez mais exigente; todos os meses