calafrio percorrer-lhe a espinha. Luciano não desviava a vista da cabeça loura da filha, onde flutuava a ponta de um lenço de seda vermelha.

Nessa noite ela não lhe pediu como costumava: dance com minha filha, sim? Ao contrário, desejava afastá-lo de Sara. Entretanto eles dançavam juntos.

A gentil boemia fazia tilintar as moedas da saia; em uma alegria barulhenta.

Estava feliz nessa noite; tinha ditos de espírito e havia sempre um grupo de rapazes a cortejá-la muito.

O Eugênio Ribas não a perdia de vista, procurando todas as ocasiões de estar a seu lado. A coisa chegava a dar na vista; algumas pessoas diziam mesmo que o Eugênio era já noivo da Sara Simões. O Nunes, velho amigo de Ernestina, julgou prudente advertir o moço, e ele lealmente confessou adorar a filha da viúva e esperar só um momento oportuno para fazer-lhe a sua declaração. Ernestina soube depressa da resolução de Eugênio e sentiu um alívio inexplicável. Entretanto Luciano, num zelo de pai, começava a achar embirrativa a assiduidade do outro.

Sara ia-o levando também, inconscientemente, atrás de si, de sala em sala, risonha e descuidada, sempre a preferência, distinguindo-o entre todos os outros.

Ele seguia-a sem saber porque, obedecendo