com a mão, fria e nervosa. Houve uma pausa, ouvia-se a cansada respiração de ambas. Sara a retirou mão com um movimento brusco, Ernestina soluçou baixo:

- Dize-me que lhe fugirás!

Sara não respondeu.

- E hás de ser tu, minha filha! quem me roube a ventura com que desde menina sonho! Sara eu sou uma louca! Ah! Na minha idade as paixões são assim, levam a estes desatinos! Como é cruel a velhice!... como tu és feliz, minha Sara!

Ernestina cobrindo de beijos a mão gelada da filha foi-lhe contando tudo baixo e precipitadamente.

Revelou assim numa doidice indiscreta, as promessas e exigências de Luciano, os seus conselhos e até os seus ditos ferinos contra a filha!

Já exausta, Ernestina deixou-se cair sentada na alcatifa. Sara então levantou-se, atravessou a sala sem olhar para trás e saiu. A mãe ficou só com o rosto sumido no estofo de um fauteuil, soluçando alto como uma doida!