incessantemente esta pergunta atroz nos olhos dele:

- Que fizeste de nossa filha?

Sara balançava-se entre a vida e a morte. A mãe não sabia de mais nada; estava sempre ali sem dormir, sem se despir, quase sem comer, com o rosto transformado, o cabelo em desalinho, os lábios a murmurarem preces e promessas:

- "Meu Deus! se salvares minha filha eu vestirei dez órfãos pobres e dar-lhes-ei educação...

Virgem Maria! se deres saúde à minha filha eu irei descalça, como a mais humilde e pobre das criaturas, angariar esmolas para os velhinhos fracos e aleijados!..."

Ao médico ela suplicava, de joelhos; que lhe salvasse a filha, prometendo-lhe fortunas e coisas impossíveis!

Quando a noite chegava, era horrível! Via-se sozinha; a filha parecia-lhe, às vezes, moribunda, outras vezes morta.

Então tinha medo de se chegar à cama, arrastava-se de joelhos e rezava ao retrato do marido como rezaria a uma imagem sagrada. Ela era a culpada e tudo!

O remorso juntava-se à dor. Agora a sua felicidade seria ver Sara feliz.

O seu amor era um crime! Pedia perdão a Deus, prometendo-lhe altares de ouro se ele salvasse Sara!