- Ela diz que matou a filha... quer o senhor que vá avisar a polícia?

- Quero que vás chamar um carro, oh burro! Pois não vês que ela morre?

Luciano tinha chegado nesse dia da viagem a Minas, arranjada como pretexto para adiar as explicações com o Eugênio Ribas. Nada sabia acerca de Sara, temia escrever a Ernestina em quem pensava, quando longe, como numa doce amiga de infância, e quando perto, no alvoroço dos sentidos, como na mais desejável das amantes! Aquela mulher era um enigma!

Desde os tempos antigos da sua primeira paixão, que ele lhe fugira por medo!...

A beleza de Ernestina ela então de uma singularidade atormentadora! Vira sempre nela a tentação da carne, chamando-a por isso de: - virgem inconscientemente pecaminosa! Nunca lhe ocorrera dar-lhe uma flor. Se pensava em presenteá-la, vinham-lhe à idéia pedrarias caras, engastadas em metais rijos e vistosos.

A não ser como amante, lasciva e ardente, ele só podia conceber Ernestina casar-se com um príncipe poderoso ou um desses homens fantásticos, das lendas, que a vestisse de roupas suntuosíssimas e a fizesse servir em baixela de ouro. Era a mulher destinada, pela sua formosura emocionadora, ao luxo, à grandeza e ao amor!