do inverno fluminense e os olhos errando pelo que a natureza pode ter de mais idealmente formoso! O pensamento ia, ia...

- O Dias... o Luciano Dias! que lindo e que amável ele tinha sido! Sempre muito assíduo... apaixonado... meigo, desenrolando uma voz veludosa, concentrada, acariciadora... Ai, o Luciano! fora quase seu noivo...

Luciano tinha sido o primeiro e o mais duradouro amor da viúva; cartas, promessas, juramentos, frases aquecidas na mais ardente paixão, haviam partido de um para outro nos bons tempos da juventude. Ela era ainda muito criança, ele também... como se amaram! Entretanto, ela o havia esquecido: só uma ou outra vez, por qualquer acaso, se recordava dele. Supunha mesmo que nunca mais o tornasse a ver, e que, se porventura isso se viesse a dar, ela não experimentaria a mais leve comoção; e ei-la agora alarmada, só porque lera na Gazeta a notícia da sua chegada da Europa! Havia dois dias já que ele estava no Rio, debaixo do mesmo céu, respirando o mesmo ar que ela!

Quando o encontraria? Desejava vê-lo. Uma revoada de saudades trouxe-lhe à alma todo o perfume daquele amor passado. Parecia-lhe que estivera todo aquele tempo à sua espera, como uma noiva extremosa e fiel...

Sim, desejava vê-lo, mas tinha receio.

Receio... nem sabia de que, mas tinha-o. Afinal