procurando mesmo intervir para que se realizasse o casamento. Um dia Ernestina conversava com ele muito satisfeita na sua sala, esperando ouvi-lo falar de Luciano, quando Sara, ainda desprevenida, abriu a porta e entrou.

A moça estacou no umbral, fixando atenta e admirada os olhos na visita. O seu rosto, habitualmente rosado, tornou-se lívido; os abas tremeram-lhe, não encontrando palavras para a indignação que lhe fervia no peito.

A mãe, embaraçadíssima, ergueu-se e foi ter com ela, automaticamente, sem atinar com o que dissesse; mas Sara repeliu-a com um gesto.

Ernestina compreendeu então, num relance, a sua imprudência e empurrando a filha para fora, fechou com raiva o reposteiro.

Sara saiu para o jardim, tonta e trêmula. Não via nada; andava de um lado para outro como um pássaro ferido a lutar com a morte. A pouco e pouco a dor ia se abrindo, mostrando-se toda, como uma flor ao sol. A moça esmagava com os pés, maldosamente, os miosótis rasteiros de florinhas azuis como olhos de anjos e as folhas tenras da malva-maçã cheirosa. Rangiam sob as suas botinas a grama fresca, as hastes dos junquilhos, os amores-perfeitos de cores veludosas, os botões de ouro, as violetas, os cravos, as anêmonas e as flores lácteas do nardo.

Destruir, arrasar tudo, era a sua vontade.

O Rosas, o grande inimigo de seu pai, ali,