dentro daquela casa, em doce tête-a-tête com sua mãe! O comendador Simões não o pudera ver nunca sem desgosto e sem raiva, e o vil aproveitava-se agora que ele já não vivia, para ir recostar-se nos seus estofos e pisar as suas alcatifas!

Sara sentia-se forte; tinha ímpetos de esperar ali o Rosas e de lhe bater na cara com as suas mãos nervosas. Desesperada, fustigava as plantas, em movimentos furiosos. Voavam dispersas as flores aromáticas do belo manacá, o heliotropo lânguido pendia para o chão. Um dilúvio de flores inundava os gramados. Choviam pétalas de rosas e de hibiscos, de dálias, lírios, margaridas, jasmins, cidrilha, jurujubas, murta, petúnias, fúcsias, resedá, esponjas, ixora e açucenas. Flores de arbustos, flores de trepadeiras, flores tuberosas ou flores de orquídeas, obedeciam todas à vontade de Sara, que as derrubava, subindo e descendo as ruas do jardim e do pomar, repetindo baixinho: Papai... papai!... como a pedir-lhe socorro, por sentir iminente um perigo.

O dia estava formoso, de um azul violeta muito intenso, onde a luz dourada do sol rolava em ondas largas. As romãzeiras enfeitavam-se com as suas flores de um escarlate régio; pendiam das jaqueiras, como úberes enormes, grandes jacas maduras; e a parreira abria numa cruz, cor da esperança, os seus braços cobertos de folhas