É impossível para os que viram o bumba-meu-boi realizado pelo venerável Melo Morais e o belicoso Dr. Silvio Romero, quase como uma reconstituição de costumes, imaginar o número de presepes que este ano tem o Rio. Há para mais de quarenta.

Começamos pelo presepe da Rua Frei Caneca, o Centro Pastoril, que tem uma diretoria composta dos Srs. Liberato Serra, presidente honorário; Manuel Novela, presidente; mais dos Srs. Pedro Hugo, Faria, Alfredo Belfort, Manuel de Macedo, Francisco de Paula Azevedo e Raul Machado. Os ensaios do reisado realizaram-se na Rua Formosa e os diretores alugaram a sala e a primeira alcova da casa da Rua Frei Caneca apenas para que a festa redobrasse de brilho.

A sala está toda enfeitada, com dois pequenos estrados feitos de madeira, onde devem sentar a polícia e os reporters, um defronte da outro, sempre juntos e sempre adulados.

Ao fundo ergue-se o presente que toma a alcova. O céu deste ameaça chuva; grossas nuvens algodoam a sua celestial vastidão. As estrelas, entretanto, mais o sol e mais a lua, numa doce confraternização, atravessam nuvens e azul com o brilho fulgurante das malacachetas e das velas – porque são de malacachetas as estrelas, e têm por trás uma vela providencial tanto a lua como o sol.

Da montanha a pico, por caminhos aspérrimos, vêm descendo os três reis lendários com um ar açodado de beduínos em fuga, e nessa descida, os seus olhos pintados vão vendo chalets suíços, animais no pasto, militares posteriores ao império do Tetrarca,