Indagou com o olhar a rua, sorriu, apertou-me o braço, apressado:

– Até logo.

Dou de frente com um bando de gente de teatro. Uma das atrizes assegura:

– Estou com os braços doendo...

E logo depois, deixando a atriz, encontro o protetor.

– Viste-a por aí? Olha só aquela família com crianças. Só nesta terra! Eu não! Ceei com meus filhos: às dez horas tudo na cama, e às onze deixei de ser pai-de-família.

– Muito bem.

Era a missa do galo na cidade...Que tinha eu? Desgosto? Tristeza? Dor de cabeça? Sei lá! Despedi-me do ex-pai-de-família, tomei de novo o automóvel que logo deslizou pela Rua da Assembléia para cair numa vertiginosa carreira pela Avenida Central.

– Que é aquilo?

– É a missa do convento da Ajuda.

Saltei. A rua estava negra de gente. Os focos elétricos da Avenida mais de sombra enchiam aquele canto – a porta tão triste onde a turba se acotovelava.

Um sujeito valente pisou três ou quatro pés, barafustou. Acompanhei-o. Era a missa lá dentro imersa em tristeza infinda. Até os altares pareciam mais agourentos, até as imagens guardavam na face uma dor mais amarga. E a missa trespassava a alma, porque, enquanto o sacerdote ia e vinha no altar, por trás, na sombra, perpetuamente