– Como é idiota!

– É admirável. Os poetas simbolistas são ainda mais obscuros. Ora escuta este, aqui ao lado.

Vinte e sete bombos e tambores rufavam em torno de nós com a fúria macabra de nos desparafusar os tímpanos. Voltei-me para onde me guiava o dedo conhecedor do Píndaro daquele desespero e vi que cerca de quarenta seres humanos cantavam com o lábio grosso, úmido de cuspo, estes versos:

Três vezes nove
Vinte e sete
Bela morena
Me empresta seu leque
Eu quero conhecer
Quem é o treme terra?
No campo de batalha
Repentinos dá sinal da guerra.

Entretanto, os Destemidos tinham parado também. Vinham em sentido contrário, fazendo letras complicadas pela rua forrada de papel policromo, sob a ardência das lâmpadas e dos arcos, o grupo da "Rainha do Mar" e o grupo dos "Filhos do Relâmpago do Mundo Novo". Os da Rainha cantavam em bamboleios de onda:

Moreninha bela
Hei de te amar
Sonhando contigo
Nas ondas do mar.

Os do Relâmpago, chocalhando chocalhos, riscando