testemunho, o ódio – serve de entrecho a esses romances mal escritos. Quando a coisa é em verso, toma proporções de puff carnavalesco. A Despedida do João Brandão à sua mulher, filhos e colegas, com um apêndice em que se convence o leitor de que João podia ser um herói cristão, é lida nos cortiços com temor e pena. A primeira quadra da despedida é assim:

Andando eu a passear, Com amiga do coração. Dois passos à retaguarda: Estais preso, João Brandão.

Que se há de fazer diante destes quatro versos nefelibatas? A Despedida tem quarenta e nove quadras, fora a resposta da esposa. Uma mistura paranóica de remorso, de tolices de religião, saudade e covardia, faz destas quadras o supra-sumo da estética emotiva da turba – cujos sentimentos oscilam entre o temor e a ambição. João Brandão soluça:

Adeus, João Brandão,
Espelho de eu me vestir,
Tu mataste o menino
Que para ti se ficou a rir.

Agora vou degredado,
A paixão é que me mata;
Adeus, Carolina Augusta,
Já não vale a tua prata.

Para alegrar os leitores, esses criminosos anônimos cultivaram o testamento dos bichos. Já testamento é uma idéia inteiramente lúgubre. O testamento da pulga, do mosquito ou da saracura,