112
a campanha de canudos

Apenas ha para mencionar — a destruição das torres da egreja nova, após um bombardeio cerrado que durou seis horas, tendo sido — dias antes — arruinada a frontaria da egreja velha, cujo sino viera a baixo. Também se póde registrar— a investida que o coronel Olympio da Silveira, á frente do batalhão 27, fez contra a Fazenda Velha, cujo reduito — guarnecido por uns 20 jagunços — tomou de surpreza.

A opinião publica, porém, não se mostrava satisfeita ; ella exigia muito mais. A demora em se pôr termo a uma luta que tanto emocionava o espirito nacional, dava logar a commentarios de toda ordem.

Não houve desfallecimentos, é certo; confiavam todos na boa direcção do Governo, e na justiça da causa, que elle defen­dia. Mas, não ha negar — que o vulto de Antonio Conselheiro ia assumindo proporções cada vez mais phantasticas, e o paiz inteiro, sacudido pelo espanto e pela inquietação, voltava as vistas para Canudos, onde não faltou quem acreditasse — que ia ser jogado o futuro da republica.

Um novo esforço ainda, e a paz estaria restabelecida, e a lei seria vingada.


V


Muitos e variados motivos concorriam para o retardamento das operações militares em Canudos, o que estava aliás contra­riando o Governo, e surprehendendo ao mesmo tempo a nação.

Da experiencia, colhida nas expedições anteriores, o ge­neral Arthur Oscar concluía para o perigo de emprehender o assalto definitivo à cidadella do Conselheiro, antes de achar-se premunido dos elementos capazes de garantir a victoria ás forças legaes, evitando-lhes portanto um novo desastre, cujas consequencias poderiam ser fataes às próprias instituições.

Os jagunços mantinham-se numa attitude de hostilidade grandemente nociva. Os tiros que elles faziam, sem intermittencia apreciavel, iam certeiros ao alvo. E ninguém ousava aventurar um passo sem a maxima cautela, pois que as balas choviam de todos os pontos, embora não se visse quem as ati­rava com tamanha precisão.