a campanha de canudos
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lhe fôra indicada, á retaguarda da egreja nova, e firmou-a logo depois com o concurso do 1° corpo, tambem de policia, do Es­tado do Pará. O 1° batalhão da brigada policial de S. Paulo entrincheirou-se ao lado esquerdo da dieta egreja, depois de haver se apossado de muitas casas dos jagunços. E o combate começou.

Seriam seguramente 11 horas quando foi plantada a ban­deira nacional, em meio às ruinas daquelle templo. As cor­netas, os clarins e os tambores bateram a marcha de continen­cia, e as notas electrisantes do hymno nacional, tocado pelas bandas militares, acordaram o écho sonoro dos sertões entris­tecidos ; estava ganha a victoria, finalmente.

Mas, o que ahi occorrera até certo ponto iria consternar os corações sinceramente brazileiros. Entre irmãos, é sempre lamentavel qualquer conílicto ; e si a guerra — em these — não passa de uma calamidade brutal, quando se trava entre cidadãos da mesma patria assume as proporções de um crime he­diondo.

O chão das casas de Canados, ao cessar o fogo, estava coa­lhado de cadaveres. Homens, mulheres e crianças jaziam por ali numa promiscuidade espantosa. Podia-se calcular a dor incoercivel, com que alguns desses entes haviam se evolado da terra, attendendo-so para a attitude em que se encontravam seus corpos. Mãe e filhos estreitados pelo abraço da derradeira des­pedida, esposos e amantes com os labios frios, collados num beijo de amor e de saudade.

Nas fileiras do exercito, os claros tinham sido tambem nu­merosos. Contaram-se, infelizmente, 467 baixas, entre asquaes a do tenente-coronel Antonio Tupy Ferreira Caldas, a do major João José Moreira de Queiroz, a do major Henrique Severiano da Silva e a do capitão Antonio Manoel de Aguiar e Silva. Todos estes bravos officiaes morreram, cumprindo com dedica­ção e lealdade o seu dever.

Os jagunços perderam cerca de 900 combatentes, e outras tantas mulheres e crianças, fóra 90 prisioneiros, que estavam gravemente feridos. Deixaram no campo 600 armas, 4 canhões Krupp desmontados, e muitas munições.