Durante 103 dias, desde o Aracaty, vos conservastes em rigorosa linha de fogo, batendo-vos em Cocorobó, Trabubú, Macambyra, Angico, Umburanas, Favella e Canudos, onde repellistes tres assaltos, sustentastes oito combates, e vos batestes nos postos avançados, dia por dia, hora por hora, sem nunca serdes rendidos desses mesmos postos, sem mostrardes fraqueza nem cansaço, fuzilando e sendo fuzilados, a 25 metros do inimigo, â meia ração, sem mudardes roupa, valentes soldados!
Tive orgulho de commandar-vos. A republica vos enche de bençãos. Nunca viu-se uma campanha como esta, em que ambas as partes sustentavam ferozmente suas aspirações oppostas. Vencidos os inimigos, vós lhes ordenaveis — que levantassem um viva à republica, e elles o levantavam á monarchia; e, em acto continuo, atiravam-se ás fogueiras que incendiavam a cidade, convencidos de que tinham cumprido o seu dever de fieis defensores da monarchia. E’ que ambos, vós e elles, sois brazileiros ambos extremados nas idéas políticas.
Valentes officiaes e soldados ! A patria está tranquilla sob a guarda de vós outros, que sois a sentinella avançada da republica.
Viva a republica dos Estados Unidos do Brazil! Vivam as forças expedicionárias no interior deste Estado ! — Arthur Oscar de Andrade Guimarães, general de brigada, commandante em chefe. »
Deixando de parte algumas considerações, que esse documento suggere, não me posso furtar todavia ao dever de cotejal-o, num ponto, com outro documento, cuja importancia não poderá ser contestada.
Respondendo ao brinde, que lhe fôra erguido no banquete offerecido pelo governador da Bahia, era 25 de outubro, o general Arthur Oscar, depois de accentuar — que sempre fisera justiça á Bahia, á quem vota admiração e reconhecimiento, declarou formalmente:
« — Estar convencido de que Antonio Conselheiro era monarchista por fanatismo, pela religião, pois acreditava que a republica, entre outras reformas, nos tinha dado o casamento civil, que era condemnado por aquella. O seu monarchismo, portanto,
