a campanha de canudos
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Penso, portanto, não poder suffragar com o meu voto o pedido do general Arthur Oscar. Capital Federal, 9 de junho de 1900.— João Thomaz de Cantuaria, general de divisão.»

No Congresso não se tem tratado mais desse assumpto, e ê de presumir que elle fique enterrado nos archivos.

Eis ahi, no entanto, o que foi a campanha de Canudos. Movimento mal inspirado, suggerido por um fanatismo irrepri­mível, teve a sorte que mereceu. Mas é força confessar que justamente elle serviu de crisol ao valor e á tenacidade dos nossos compatriotas; patenteando por uma face a resistencia dos ja­gunços, que lembra talvez a de Heitor em Troia, ou a de Vercingetorix na praça de Alesia, e por outra face a paciencia e abne­gação do soldado brazileiro, que neste particular a nenhum outro cede, dentre os mais afamados do mundo.

Foi em todo o caso uma cruel fatalidade, essa memoravel campanha. O enorme sacrifício de vidas e dinheiro, que ella nos custou, bem poderia ter sido poupado, sinão por amor á repu­blica, pelo menos em homenagem à patria, que ha de chorar eternamente o sangue dos sete mil filhos seus, derramado sem necessidade.

Mas, como o grande infortunio dessa feita não poude ser evitado sirva-nos ao menos elie de exemplo e lição. Que a campanha de Canudos tenha fechado do vez o cyclo das nossas lutas civis, pois que ellas, nada de fecundo e proveitoso pro­duzindo, podem aliás comparar-se a esse passaro phantastico, de que nos fala Hoffmann, o que, depois de ter devorado os outros a si mesmo se devora.

Não nos illudamos. A felicidade do Brazil só póde resultar do trabalho e da paz.

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