12
a campanha de canudos

licia da Bahia ao seu collega do Ceará, como consta do officio a seguir :

« Secretaria da policia da província de Bahia, em 5 de julho de 1876 — 2ª secção — N. 2.182 — Ao dr. chefe de policia do Ceará.

Faço apresentar a v . s. o individuo, que se diz chamar Antonio Vicente Mendes Maciel, conhecido por Antonio Conselheiro, que suspeito ser algum dos criminosos dessa província, que andam foragidos.

Esse individuo appareceu ultimamente no logar denomi­nado Missão da Saúde, em Itapicurú, e ahi, entre gente igno­rante, disse-se enviado de Christo, e começou a prégar, levando a superstição de tal gente ao ponto de um fanatismo perigoso.

Em suas predicas plantara o desrespeito ao vigário daquella freguezia e, cercado de uma multidão de adeptos, come­ çara a desassocegar a tranquillidade da população.

Em virtude de reclamação, que recebi do exm. sr. vigário capitular, contra o abusivo procedimento desse individuo, que ia, além de tudo, embolsando os dinheiros com que, crédulos, iam lhe enchendo as algibeiras os seus fieis, mandei-o buscar á capital, onde obstinadamente não quiz responder ao interroga­tório que lhe foi feito, como verá v. s. do auto junto. Era uma medida do ordem publica de que não devia eu pres­cindir.

Entretanto, si por ventura não for elle ahi criminoso, peço em todo o caso a v. s. que não perca de sobre elle as suas vistas, para que não volte a esta província, ao logar refe­rido, para onde a sua volta trará certamente resultados des­agradaveis, pela exaltação em que ficaram os espiritos dos fanaticos com a prisão do seu idolo. — J. B. de Magalhães. »

O chefe de policia do Ceará, decorridos que foram alguns mezes, gastos em pesquisas, respondeu — «que não podera con­servar preso o Conselheiro, por não se achar este ali proces­sado, nem ter commettido crime algum ».

Mas, antes de ser conhecido esse facto, a imaginação po­pular se expandiu, compondo os mais curiosos e sensacionaes romances.