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a campanha de canudos

tos, invadiam o saqueavam varias fazendas, e ameaçavam povoações. »[1]

Realmente, não tardou muito — que os sectários do supposto propheta, abandonando a sua primitiva posição de simples adoradores do Bom-Jesus, como ao Conselheiro denominavam, se convertessem todos numa legião de jagunços, que foram praticando por aquelles arredores varios actos infringentes da lei.

Dahi procedeu que, em 1892, foi mandada ao encontro de Antonio Conselheiro uma força de 35 praças de policia, commandadas pelo tenente Virgilio de Almeida. Mas essa diligencia, bem como outra da mesma natureza que se lhe seguiu, e finalmente uma terceira constante de 80 praças de linha, produziram — todas — resultado negativo.[2]

Corria o anno de 1893, quando Antonio Conselheiro, após um encontro, em Maceté, com certo destacamento policial do que se originaram mortes de parte á parte, parou definiti­vamente em Canudos, então simples fazenda de gado, tendo apenas a casa do vaqueiro, si bem que servida por diversas estradas, por onde podiam transportar-se recursos de todo genero, e situada á margem do Vasa-Barris, na comarca de Monte Sancto.

E' de crer — que o Conselheiro muito de industria preferisse esse logar, porquanto ao primeiro relance se impunha como um ponto natural e vantajosamente estratégico.

O bando fanatizado, comtudo, si bem que já incutisse certo temor, occupou-se em Canudos da edificação de uma pequena capella para cujas obras o seu chefe pedia— sem cessar — o concurso do povo; assegurando — que quantos o coadjuvassem no seu empenho, com esforço pessoal ou com dinheiro, seriam perdoados dos seus peccados por Deus, de quem elle se inculcava emissário especial e representante na terra.

  1. Relatorio do chefe de policia da Bahia, em 1893, pags. 4.
  2. Ainda em 1897, un grupo de jagunços do Conselheiro prendera, em Chorochó, Horacio Pacheco de Menezes, juiz de paz ; e, depois de o ter feito andar 60 kilometros, o poz em liberdade mediante 6200$, por quanto o resgatou.