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A ESCRAVIDÃO

     Cumpre observar que, na cultura da canna e do anil, nada se oppõe a que as terras sejam divididas em pequenas parcellas, quér quanto á propriedade, quér quanto á exploração. E' o que acontece na Asia com o cultivo da canna desde tempos immemoriaes. Cada proprietario ou arrendatario d'um pequeno lote de terra leva ao mercado o assucar da canna que elle proprio moeo e converteo em melaço. Seria muito preferível que elle vendesse apenas a canna, em pé ou cortada, ao manufactor; e é o que aliás aconteceria, na Asia, si o governo ahi não suffocasse a industria, e, nas ilhas, si a cultura ahi fosse livre.

     O que acabamos de dizer a respeito do assucar, applica-se ao anil, e, mais facilmente ainda, ao café e ás especiarias. E', portanto. muito verosimil que os negros não são os unicos homens que pódem cultivar a terra na America ; e é certo que a cultura por negros livres, ao envez de prejudicar á quantidade e á qualidade dos productos, contribuiria, ao contrario, para o augmento d'aquella e aperfeiçoamento d'esta.

     O preconceito contrario tem sido acreditado pelos colonos, e, talvez, de bôa-fé. E a razão d'isso ê simples: — elles não teem distinguido o producto real do producto liquido.

     Com effeito, realisada a cultura por meio de escravos, o producto liquido será maior, porquanto o custo da cultura será o menor passivel. Aos escravos ê dada apenas à alimentação indispensavel, mais commum e menos cara; para habitação dá-se-lhes uma senzala, e para cobrirem-se apenas