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A ESCRAVIDÃO

contra seus interesses, mas à favor d'elles, — deveria ser abalada pelas reclamações dos defensores da humanidade.[1]

     Quanto á supposta humanidade dos senhores d'escravos, confesso que tenho conhecido alguns, inglezes e francezes, muito humanos; porém, vivendo na Europa e sendo a humanidade d'elles de fraquissimo recurso para os infelizes escravos entregues, na America, á administradores. Taes senhores parecem-se com esses soberanos, cujo coraçào é bom, mas em cujo nome queimam-se e espedaçam-se homens vivos, de um á outro extremo de seus Estados, por isso que elles não governam conforme o coração, mas sim comforme as idéas que encontraram já estabelecidas. A humanidade da maioria dos homens limita-se a lamentar os males que veem, ou de que ouvem fallar, e, algumas vezes, a allivial-os, Essa humanidade, porém, que procura por sobre a terra inteira onde ha infelizes para deffendel-os e levantar-se contra os tyrannos que os opprimem, essa, nem em todos os corações se aninha; no emtanto, seria a unica ulil aos escravos da America si elles a encontrassem em algum dos seus senhores. Então, considerando a felicidade de seus escravos como um dever para si, e a perda da liberdade e dos direitos d'elles como um crime á reparar, esse senhor voaria para sua fazenda para ahi abdicar a tyrannia de um despota e conservar apenas a authoridade de um soberano

  1. V. nóta J do fim do volume.