de seus escravos; vendo e ouvindo destes as praticas as mais torpes e as palavras as mais descomedidas?!
Se um, se alguns, se muitos abração de preferencia os usos e costumes paternos, ás praticas e exemplos de seus escravos, a maior parte ha de sahir inquinada dessas praticas e desses exemplos perniciosos, porque a virtude é timida e o vicio é ouzado, e porque mais arrastra o máo do que o bom exemplo.
Além de que o exemplo máo é sempre contagioso, acresce que o contagio é tanto mais pernicioso quanto se innocula em um coração tenro e inexperiente, porque nesse, o vicio não encontra nem bons princípios, nem bons hábitos que o combatão; e porque as bôas ou as más impressões que o espirito recebe na infância são as que mais difficilmente se apagão no correr da vida.
Ajunte-se a isso o empenho com que o escravo procura sorrateiramente vingar-se do senhor, pervertendo-lhe o objecto de seus mais desvelados cuidados, e digão-me:
Póde haver paz e felicidade para as famílias, emquanto guardarem ellas em seu seio essa cratera ardente que lhes requeima sempre a flor da innocencia e da virtude de seus filhos?
Póde haver esperança de futuro para uma nação, onde a família está irremediavelmente condemnada a tão desgraçada condicção?
Maldita sêde do ouro que arasta o homem a sacrificar-lhe o maior dever e a única felicidade da terra!
Maldita, ainda uma vez, essa sacra fames, que o leva a esquecer as leis da redempção; a desprezar os princípios eternos da mais san moral; e a menosprezar a formação do coração de seus filhos, a felicidade de sua família e a grandeza de sua pátria!
Também por lei providencial, elle encontra o mal onde procura a felicidade; vem-lhe o castigo desse mesmo objecto que emprega para satisfazer sua insaciável cobiça!
E no entanto mal encaminhados vão eses epicuristas de nova tempera.
Seus cálculos egoisticos assentão sobre nuvens vaporo-