çoes e rivalidades de raças, isolando-se os libertos da communhào dos brasileiros.
Não receio esse perigo; primeiro porque não se dá tal isolamento, desde que os libertos, ainda mesmo constituidos em colonias, tiverem todos os onus e vantagens; todos os deveres e direitos do cidadão brasileiro; segundo porque, as novas familias, das quaes se devem esperar os mais profícuos exemplos da virtude e do trabalho, vir-se-hâo entrelaçando pouco a pouco com a família geral brasileira, até se perderem nella.
E isso se fará tanto mais promptamente, e com tanto maior vantagem para o paiz, quanto pela extinccão da escravatura, cedo desapparecerá o prejuízo de raça, e pelo facto da educação moral dos colonos, a sua mixtão com a sociedade geral trará a esta o exemplo dos sãos princípios e das praticas respeitáveis em que se firma a verdadeira vida da família, que é a base de todo o edifício social.
Seja como for, sem este complemento, o meu plano ficaria truncado.
Receber do escravo o fructo de seu amor depravado; creal-o com todo o cuidado, como recommenda a caridade santa; educal-o pelo trabalho, pela illustração do espirito e pela pratica dos sãos princípios da moral e da religião; constituir com elle uma família, em que se reproduzão aquelles princípios zelosamente incutidos em sua alma e em seu coração ; e por meio dessa família levar a pureza dos costumes a todos os que se lhe approximarem, a todos os que cora ella se forem entrelaçando; é a meu ver a única solução que se deve dar a questão da emancipação do escravo no Brasil.
Difficil não é por certo a execução de um plano tão vantajoso, por qualquer lado que seja considerado.
Nenhum brasileiro se recusará aos sacrifícios que o paiz lhe exigir no empenho de levar ao termo essa gloriosa empreza. O que, pois, será preciso além da boa vontade de todos?
Dinheiro? Dinheiro para fazer face ás grandes despezas que se tem de fazer com a creação, com a educação o com o estabelecimento colonial dos libertos?