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Oh! que isso não é grande dificuldade em um paiz onde o ouro se desperdiça à largas mãos!

Quantos milhões se gastão annualmente em cousas inuteis — na manutenção de um funccionalismo estragado, sem prestimo e desnecessario?!

Faça-se um esforço; cortem-se as despezas superfluas; reduza-se o enorme funccionalismo que temos ao que for restrictamente necessario, e appliquem-se essas valentes economias á maior, á mais nobre e á mais proveitosa empreza que o Brasil póde tomar sobre seus hombros.

Quantos milhões se despendem todos os annos com estradas de todos os generos; com explorações de rios; com obras e melhoramentos materiaes sem grandes proveitos e utilidades para o publico?!

Não quero que se olvidem os melhoramentos materiaes, porque sei que o progresso das nações delles, em grande parte, dependem; mas indico que se os reduza ao que for indispensavel, porque não se esqueção por elles os melhoramentos moraes, de que principalmente depende a felicidade dos povos.

Não nos dediquemos exclusivamente ao progresso material, sacrificando-lhe toda a receita do estado.

Attendamos tambem ao desenvolvimento moral, repartindo com elle uma parte daquella receita.

E como a emancipação dos escravos, é actualmente a maior e mais elevada questão de caracter moral que temos a resolver, repartamos com ella uma parte da receita publica, que se costuma applicar á verbas de melhoramentos materiaes.

E não é só isso.

Quantos milhões se tem gasto, em pura perda, com a colonisação estrangeira, cujos resultados até hoje não tem passado, salvo rarissimas excepções, da introducção no paiz de uma raça moral e materialmente rachitica, e dos melhores facinoras desses paizes que temos procurado para aquelle fim ?

Pois suspendamos as despezas com a colonisação estrangeira, emquanto lançamos as bases da melhor colonisação que podemos ter — a colonisação nacional; ou para não contrariar