A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
135

nos mansos olhos miudos, que mais negrejavam entre a frescura rozea da face roliça e a cabecinha branca como algodão — Padre Sueiro sorria, fechando as mãos sobre o peito da batina d’alpaca, d’onde surdia a ponta de um lenço de quadrados vermelhos. E não lhe escasseára certamente o desejo d’ir á Torre. Mas aquelle trabalhinho na Bibliotheca do Paço do Bispo... Depois o seu rheumatismosito... Emfim a Sr. aD. Graça sempre esperando S. Ex. a, um dia, outro dia...

— Bem, bem! acudiu alegremente Gonçalo, comtanto que o coração não se esquecesse da Torre...

— Ah! esse! murmurou Padre Sueiro com commovida gravidade.

E pelo corredor de paredes azues, adornadas com gravuras coloridas das batalhas de Napoleão, Gonçalo resumiu as novidades da Torre:

— Como o Padre Sueiro sabe, rebentou aquelle escandalo do Relho... E ainda bem, porque conclui um negocio explendido. Imagine! Arrendei ha dias a quinta ao Pereira Brazileiro, ao Pereira da Riosa, por um conto cento e cincoenta mil réis...

O capellão suspendeu a pitada, que colhera n’uma caixa de prata dourada, pasmado para o Fidalgo:

— Ora ahi está como as cousas se inventam! Pois por cá constou que V. Ex. atratára com o José Casco, o José Casco dos Bravaes. Até no Domingo, ao almoço, a Sr. aD. Graça...