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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

— Sim, interrompeu o Fidalgo com uma fugidia côr na face fina. Effectivamente o Casco veio á Torre, conversámos. Primeiramente quiz, depois não quiz. Aquellas cousas do Casco! Einfim, uma massada... Não ficou nada decidido. E quando o Pereira, uma bella manhã, me appareceu com a proposta, eu, inteiramente desligado, acceitei, e com que alvoroço!... Imagine! Um augmento soberbo de renda, o Pereira como rendeiro... O Padre Sueiro conhece bem o Pereira...

— Homem entendido, concordou o Capellão coçando embaraçadamente o queixo. Não ha duvida. E homem de bem... Depois não havendo palavra dada ao Cas...

- — Pois o Pereira para a semana vem á cidade, atalhou apressadamente Gonçalo. O Padre Sueiro previne o tabellião Guedes, e assignamos essa bella escriptura. São as condições costumadas. Creio que ha uma reserva a respeito da hortaliça e do porco... Emfim o Padre Sueiro deve receber carta do Pereira.

E immediatamente, descendo a escada, passando o lenço perfumado pelo bigode, gracejou com o capellão sobre o famoso Fado dos Ramiresem que elle collaborava com o Videirinha. Oh! Padre Sueiro fornecera lendas sublimes! Mas aquella de Santa Aldonça, realmente, fôra ataviada com exageração... Quatro Reis a levarem a Santa aos hombros!