A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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ainda ha semanas dedicára ao Cavalleiro uma valsa linda!... A Mariposa, uma valsa linda!

Gonçalo não se conteve, esfregou as mãos n’um triumpho:

— Mas que preciosa maroteira!... E não se tem fallado? Esse jornal d’opposição, o Clarim d’Oliveira, nem uma denuncia, nem uma allusão?...

O Guedes pendeu a cabeça, descorçoado. O Snr. Gonçalo Ramires conhecia bem essa gente do Clarim... Estylo — e estylo brincado, opulento... Mas para assoalhar, assim n’um caso gravissimo como o do Noronha, a verdade bem nua — pouco nervo, nenhuma valentia. E depois o Biscainho, o redactor principal, andava a passar surrateiramente para os Historicos. Ah! O Snr. Gonçalo Mendes Ramires não se inteirára? Pois esse torpissimo Biscainho bolinava. De certo o Cavalleiro lhe acenára com posta... Além d’isso, como provar a infamia? Cousas intimas, cousas de familia. Não se podia apresentar a declaração da D. Adelina, menina virtuosissima — e com uns olhos!... Ah! se fosse no tempo do Manoel Justino e da Aurora de Oliveira!... Esse era homem para estampar logo na primeira pagina, em letra graúda: «Alerta! que a Auctoridade superior do Districto tentou levar a deshonra ao seio da familia Noronha!...»

— Esse era um homem! Coitado, lá está no cemiterio de S. Miguel... E agora, Snr. Gonçalo Ramires, o despotismo campeia, desenfreado!