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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

moinho que assenta sobre as denegridas pedras da antiga e tão fallada Honra d’Avellans. De resto o ceu, cinzento e abafado desde manhã, entenebrecia para os lados de Craquede e de Villa-Clara. Um bafo môrno remexeu a folhagem sedenta. E já gotas pesadas se esmagavam na poeira — quando elle, sempre galopando, entrou na estrada dos Bravaes.

Na Torre encontrou uma carta do Castanheiro. O patriota andava por saber «se essa Torre de D. Ramiresse erguia emfim para honra das letras, como a outra, a genuina, se erguera outr’ora, em seculos mais ditosos, para orgulho das armas...» E accrescentava n’um Post-Scriptum — «Planeio immensos cartazes, pregados a cada esquina de cada cidade de Portugal, annunciando em letras de covado a apparição salvadora dos Annaes! E, como tenciono prometter n’elles aos povos a sua preciosa Novellasinha, desejo que o amigo Gonçalo me informe se ella tem, á moda de 1830, um saboroso sub-titulo, como Episodios do seculo XII, ou Chronica do Reinado de Affonso II, ou Scenas da Meia-Idade Portugueza... Eu voto pelo sub-titulo. Como o sub-solo n’um edificio, o sub-titulo n’um livro alteia e dá solidez. Á obra, pois, meu Ramires, com essa sua imaginação feracissima!...»

Esta invenção de immensos cartazes, com o seu nome e o titulo da sua Novella em letras de côres